sexta-feira, 15 de julho de 2011

A TAREFA DO TEÓLOGO – “Não é Para Qualquer Um!”







A quem pense que ser teólogo é coisa para qualquer um e que todos são capazes de representar esse papel com facilidade. Porém, afirmo que enveredar com afinco pelo caminho do estudo teológico, definitivamente não é para todos, não é para qualquer um! Não falo isto por descaso, nem muito menos por orgulho.

Quanto mais estudo, percebo a maior precisão que tenho de estudar. Quanto mais investigo, mais ciente me torno de que não alcancei sequer as “orlas”, se fosse comparar, do “vestido” teológico. Em cada momento dedicado ao fazer teologia, chego à conclusão de que é necessário ter coragem (não pouca) e muita convicção acerca dos propósitos estabelecidos para alcançar o escopo desejado. Fazer teologia consiste, portanto, em grande parte, entrar em rota de colisão, sair da mesmice, quebrar paradigmas, assumir a “possibilidade do novo”. Mas para isto é necessário ter ousadia, estar disposto a colocar a cabeça a prêmio, ter a fé pessoal questionada e a índole religiosa sob suspeita por uma boa parte de pessoas que costumam adjetivar pejorativamente o teólogo com características que ele não tem, simplesmente porque tiveram seus dogmas e paradigmas refutados diante das verdades teológicas encontradas no âmago dos textos sacros.

Portanto, todo estudante de teologia tem uma nobre missão a ser desempenhada, a qual consiste na interpretação das verdades constituintes da fé e, além disso, trazê-las de forma contextualizada para um encontro com a hodierna realidade, porém, sem deixar de manter-se fiel a essas mesmas verdades. Este é um processo que envolve cuidado e atenção, pois o limite entre o acerto e o erro, por vezes torna-se muito tênue. Não obstante, é preciso correr o risco, é necessário assumir a possibilidade de errar, mas sempre buscando através da possibilidade do novo, resultados positivos. 

Esta é uma tarefa delicada, mas que precisa ser assumida. O teólogo alemão Paul Tillich já dizia que não foram muitas as teologias que conseguiram equilibrar uma honesta fidelidade à verdade com a necessidade de reinterpreta-la para as novas gerações.

De fato, sou obrigado a ratificar o que anteriormente já fora afirmado: teologia não é para qualquer um. O processo de fazer teologia é mais do que nunca tarefa para teólogo, para gente que aceita as possibilidades opostas: (1) de ser reconhecido por uma pequena parcela de pessoas conscientes e que têm a percepção de identificar naquele que faz teologia alguém que está numa busca incessante pelo conhecimento de Deus e das verdades de fé, bem como (2) ser taxado por uma grande maioria de incoerentes como incrédulo, inconverso e oriundo do “pólo-ártico” (mentes pequenas pensam assim). 

Fazer teologia é coisa de gente que comunga da célebre frase de Sócrates:“Só sei que nada sei”. Logo, teologia não é para quem tem a “mente” formada, para dogmáticos por definição ou opção, para os donos do saber absoluto e incontestável. Teologia é coisa para gente que está disposta a pensar, a desvendar, a assumir a possibilidade do novo ao ponto de deparar-se com seus conceitos equivocados, até então tidos como certos e absolutos, mas que doravante serão regidos pelas verdades modelares obtidas pela coerente interpretação bíblica, que acima de tudo, deve ser orientada pela iluminação do Espírito Santo.

Bom, era isso que eu tinha a dizer por meio desta postagem. Que Deus lhes abençoe ricamente, e não esqueça: “teologia não é para qualquer um!” Peça a Deus intrepidez e ousadia e faça teologia você também!


Fraternalmente em Cristo,

Ângelo S. Monteiro

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